Uma parte da MISSÃO da FRATERNAL consiste em ajudar os seus membros, - através de um processo de contínuo desenvolvimento -, a transmitir o espírito do Compromisso e da Lei de Escoteiro nas comunidades em que vivem e
trabalham, prestando serviço activo a essas comunidades, mobilizando-os e à
sociedade em geral, na promoção da paz e do bem-estar social, numa perspectiva de formação ao
longo da vida e de educação para a cidadania.
O
terceiro milénio trouxe-nos um cenário completamente novo, com desafios novos e
antigos que se colocam aos homens e mulheres do nosso tempo, instando-os a
ultrapassar fronteiras que se constituem como verdadeiros desafios à
civilização.
Quando
pensamos em algumas dessas novas fronteiras, facilmente se compreendem as
dificuldades e os tipos de tarefas que toda a Humanidade é chamada a
desenvolver:
1. A
massiva onda migratória do sul para o norte;
2. O desenvolvimento
por todo o mundo de novas formas de terrorismo, crime organizado, crises
económicas e financeiras, problemas ao nível das fontes energéticas,
alterações climáticas;
3. As
inúmeras zonas latentes de guerra ainda existentes;
4. O
número crescente de pessoas que vivem abaixo do limiar de pobreza ou em
precária subsistência;
5. A
crise, especialmente no mundo ocidental, das instituições que sempre foram
consideradas como a espinha dorsal da sociedade humana, como a família, o
estado social, etc.;
6. A
nova visão relativamente à idade adulta, que deixou de ser considerada como um
ponto de chegada comum a to-dos, para passar a ser encarada como uma fase
subjectiva, que deve ser continuamente construída a partir da adolescência e
até ao fim da vida.
Em face
destes enormes desafios, os homens e mulheres do nosso tempo parecem
fragilizados, frequentemente incapazes de assumir as necessárias
responsabilidades e enfrentar adequadamente os problemas. Na realidade existe
até a percepção de que uma esperança média de vida mais longa não é
contrabalançada por uma maior maturidade ou desenvolvimento psicológico.
Verificamos
actualmente que existe um crescente número de jovens adultos com uma clara
necessidade de descobrir locais e oportunidades onde eles se possam encontrar e
desenvolver em conjunto, de modo participativo, novas possibilidades de
expressão das suas aspirações e desejos. Trata-se de uma espécie de formação em
que o adulto se envolve, de forma voluntária, quando quer desenvolver as suas
capacidades pessoais ou gostos, sem pretender aumentar directamente as suas
competências profissionais. Nesta esfera, o principal objectivo do adulto é o
seu desenvolvimento integral, de modo a melhorar cada vez mais a sua qualidade
de vida e posicionamento social.
A
formação (desenvolvimento) de adultos tem três objectivos principais:
1. O
desenvolvimento das pessoas e da sua autonomia para compreender, avaliar e
escolher a sua vida, como cidadãos, profissionais e agentes de funções sociais;
2. O
desenvolvimento da sociedade relativamente ao aspecto cultural, económico e
político, tendo em conta a complexidade e a velocidade a que as mudanças se dão
nos nossos dias;
3. O
desenvolvimento das sociedades nas quais o adulto vive e trabalha (o local de
trabalho, a família, as associações a que pertence, etc.).
Estes
objectivos devem ser programados de acordo com um método específico que terá,
obrigatoriamente, de ser diferente daquele que é seguido na formação dos
Escoteiros, à excepção de alguns princípios gerais, uma vez que é necessário
ter em conta as especificidades da idade adulta e respeitar integralmente a
autonomia das pessoas, quanto aos modos e ritmos de aprendizagem, formas de
expressão, interpretação, avaliação, decisão, comunicação e acção.
Um dos
primeiros princípios gerais do método Escotista é a auto-formação que é
importante para os jovens e indispensável para os adultos.
Outro
princípio geral do Escotismo, igualmente válido para os adultos, é aprender
fazendo. Isto significa que a formação contínua tem lugar através de um
envolvimento concreto nos contextos sociais, políticos e religiosos em que o
adulto vive e actua.
Outros princípios Escotistas
aplicáveis aos adultos são o contacto com a natureza e o serviço à comunidade e
ao próximo. Viver em contacto com a natureza, deixar de lado hábitos antigos,
estar pronto a encontrar-se com os outros, testar as dificuldades
físicas, mas também a alegria de comungar com a natureza. Andar – mesmo que o
esqueçamos com frequência – é uma das funções mais naturais. Descobrir em
conjunto os tesouros da história e da arte, paisagens e vistas inspiradoras,
envolve o aprofundar da amizade e do relacionamento com os outros, aprender a
viver a vida de modo mais simples, desenvolver a parte mais humana e
espiritual.
O papel do Núcleo (Fraternal
Local) – a comunidade de adultos – reveste-se da maior importância. Deve ser um
espaço de intercâmbio de opiniões e experiências, onde a capacidade de entender
a história se redescobre, pondo à prova a condição humana, de forma pacífica, e
encontrar razões para partilhar e assumir responsabilidades, bem como
aprofundar o sentido pessoal da ética e da moral pública.
A
Fraternal é diferente das comunidades de Escoteiros, que são associações
verticais, com os jovens de um lado e os dirigentes do outro. A Fraternal é
horizontal, uma vez que cada um tem nas mãos o seu próprio desenvolvimento e
processo formativo, agindo com e para os outros, apesar de existirem pessoas
responsáveis pelo planeamento e realização das actividades. Aqueles que
assumem funções de liderança na Fraternal desempenham um papel fundamental,
mas não são dirigentes, são antes “um entre iguais”, um coordenador, alguém
capaz de encorajar o envolvimento de todos os membros da Fraternal, dando
pistas que potenciem o crescimento comum e a manutenção da unidade dentro da
diversidade existente.
Estas
pessoas devem desenvolver o seu trabalho de modo cuidado, demonstrando
humildade e respeito por todos, constituindo-se como modelo através do seu
exemplo de esforço e compromisso para com as suas funções. Por outro lado, as
actividades da Fraternal devem dar resposta a todas as fases da vida adulta,
que está a tornar-se cada vez mais longa. Assim sendo, não é possível conceber
um modelo único de funcionamento dos Núcleos da Fraternal. Podem existir
actividades mais vocacionadas para os primeiros anos da vida adulta, quando as
pessoas começam a dar os primeiros passos na vida profissional e familiar, e
actividades para pessoas mais velhas, para pais ou até avós, na sua maioria já
reformados e cuja energia física pode começar a escassear.
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