terça-feira, 23 de abril de 2013

S. Jorge – Um exemplo de generosidade


“B.-P. comparou os escoteiros de hoje aos cavaleiros de antanho, uma vez que,  uns e outros, se submetem voluntariamente a um compromisso, adoptam uma Lei ou Código de Honra e se entregam abnegadamente à prática do bem e da Virtude e, particularmente, ao serviço dos que necessitam de auxílio e de ampara.
S. Jorge foi até há muito pouco tempo o único santo cavaleiro, motivo por que se tornou o patrono desses homens de armas. É igualmente o patrono da Inglaterra. Não foi este, é de crer, o mais frágil dos motivos que tenham influído na decisão que fez com que S. Jorge se tornasse também patrono dos Escoteiros. Embora subsistam fortes duvidas quanto á veracidade da existência deste santo, a meditação sobre a história desta lendária figura é necessariamente proveitosa, visto envolver uma lição em que a generosidade e a valentia recebem um tributo de admiração e louvor.
Desenho de B.-P.
Diz a tradição, que ocorria o ano de 303, quando nasceu s. Jorge na Capadócia, uma antiga região, hoje situada na Turquia. Muito jovem, alistou-se na Cavalaria, onde depressa se notabilizou, graças ao seu valor
Certa vez, encontrando-se em Silene, antiga cidade da Líbia, soube de um acontecimento infame que ali diariamente ocorria: um dos seus habitantes tirado á sorte, era oferecido, para ser barbaramente devorado, a um horrendo dragão que existia nas proximidades. Só por esse processo aquele povo conseguia aplacar a fúria do monstro!
Aconteceu que, logo no dia da chegada do cavaleiro, coubera  a Cleolinda, formosa donzela, filha do rei, a amarga sorte de ser sacrificada à avidez insaciável do hediondo ser. S. Jorge ficou indignado, com essa deprimente situação, à qual ninguém ousava pôr termo, tomados como estavam por um pavor paralisante. Mas o jovem cavaleiro imediatamente prometeu a si mesmo tudo fazer, ainda que fosse com o sacrifício da própria vida, para acabar com a ignóbil situação e evitar que a linda princesa fosse imolada à voracidade do monstro. Dirigiu-se, portanto, ao pântano onde o dragão vivia e aí, embora temendo os urros medonhos que a besta –fera soltava: empunhando apenas a sua lança, trespassou-a com um golpe fulminante! Acabava assim a terrível ameaça para o povo de Silene e estava salva a formosa princesa Cleolinda
Louco de alegria por ver a filha poupada a tão horrível sacrifício, quis o rei, logo, oferecer a S. Jorge a mão de Cleolinda.  Mas o cavaleiro, que prometera solenemente a si próprio, e perante deus, dar luta sem tréguas ao Mal, até o extirpar da Terra, bem como de defender os fracos e os oprimidos, viu-se impedido de aceitar a aliciante proposta. Teve de partir, não sem prometer voltar logo que se encontrasse desincumbido das suas obrigações, para então desposar a bela princesa.
Tal como S. Jorge, assim devem agir os escoteiros: Em face de uma dificuldade ou de um perigo, não devem voltar as costas, nem se deixam intimidar. Enfrenta-nos com determinação e energia até os vencerem, isto embora eles lhes tenham preciso enorme e tenebrosos, ante os parcos meios com que contam para lhes fazer face. Eis a atitude dos escoteiros sempre que seja necessário correr em defesa do Bem, da Justiça e de quem careça de protecção.”
In “Na Senda do Escotismo” Manual Para Ser Escoteiro – 1.ª edição 1985 (texto actualizado)

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