Texto de apoio elaborado
por Sara Milreu, relativo ao módulo “Ferramentas para o Recrutamento de Adultos” integrado na 1.ª acção de formação da AEG-Portugal.
(adaptado do "Generational diversity in the BSA
workplace", dos Boy Scouts of América)
Compreender as
Gerações
Para compreender as diferenças geracionais
e de atitudes dos Veteranos, Geração do Pós-Guerra, Geração X e Geração do
Milénio é necessário ter em conta o contexto e as experiências com base nas
quais se desenvolveram as suas atitudes e sistemas de valores. À medida que vão
crescendo os membros de cada nova geração sentem-se impelidos a distinguir-se
da geração anterior, demonstrando esta revolta no tipo de roupas que vestem, no
comprimento dos cabelos, no tipo de linguagem, nos heróis que criam e admiram.
À medida que se aproximam da idade adulta e
entram na sociedade em geral, os sinais exteriores de revolta tendem a
esbater-se. O que fica são as convicções e sistemas mais profundos de valores
que são demasiado importantes para pôr em causa. Vejamos quais são as
convicções e aquilo que cada geração valoriza.
Compreender os Veteranos
Esta geração, nascida antes de 1946, foi influenciada
em grande medida por dois grandes eventos: a Grande Depressão e a Segunda
Guerra Mundial. As suas crenças e sistema de valores foram construídos no seio
de tempos difíceis, quando o país enfrentava muitas contrariedades.
As principais características dos Veteranos
incluem:
Dever, Honra,
Patriotismo, Lealdade, Sacrifício.
Os Veteranos acreditam firmemente no dever,
honra e patriotismo. Tendem a admirar e respeitar as forças armadas, valorizam
a capacidade de sacrifício pessoal e dedicação.
Conformistas: Primeiro “Nós” o Grupo vs. o
“Eu” Individual
Os efeitos da Segunda Grande Guerra foram
ultrapassados à custa de grandes esforços conjuntos por parte desta geração.
Esta experiência ensinou-lhes a valorizar o bem-estar do grupo antes do
indivíduo. Eles gostam de se integrar, de se conformar com as normas da
sociedade, querem ser um entre iguais, no sentido de que fazem parte integrante
do grupo. Os seus ídolos não são indivíduos, mas sim um grupo: a marinha, o
exército, o país.
Pacientes;
trabalhadores; obedientes
Esta geração emergiu das atribulações da
Grande Depressão para as dificuldades da guerra, a que se seguiu um período de
enorme prosperidade. Em resultado disto, os Veteranos acreditam no valor do
trabalho árduo, do esforço e da atenção ao pormenor. Acreditam que quem persevera,
se empenha e cumpre as regras será recompensado no devido tempo e que a idade
lhes dá prerrogativas de “antiguidade”.
Os filmes da época demonstram claramente
esta capacidade de sacrifício individual para o bem-estar geral do grupo, da
sociedade.
Compreender a Geração do Pós-Guerra
Nascidos entre 1945 e 1965, muitos
elementos desta geração cresceram na relativa prosperidade dos anos 50 e 60. O
seu nível de educação foi mais alto do que o das gerações anteriores e
conquistaram a liberdade de se aventurar pelos caminhos do idealismo, com o
exemplo paradigmático do movimento hippy
dos anos 60. No entanto, este idealismo depressa teve de se transformar em
realismo, com a guerra do Vietname, o escândalo de Watergate e as tensões de
milhares de pessoas a afluir ao mercado de trabalho.
Definem-se
pela sua profissão – Viciados em trabalho
Mais do que qualquer geração antes ou
depois dela, os Geração do Pós-Guerra definem-se pela sua profissão. O seu
trabalho identifica-os. O termo “viciado em trabalho” surgiu nos anos 70 para
descrever o comportamento desta geração, que acreditava que quanto mais
trabalhassem, maior o seu valor. A semana de trabalho média entre os membros
desta geração continua a ser de 55 horas. São o grupo com maior influência no
mercado de trabalho e continuarão a manter esta posição nas próximas 2 décadas.
Competitividade;
Trabalho em Equipa; Sucesso Visível
Os Geração do Pós-Guerra constituem uma
geração extremamente competitiva e gostam de mostrar os seus sucessos através
de troféus, diplomas e placas. Também acreditam no valor do trabalho em equipa,
porque isso faz deles uns vencedores, e é por isso que são bons a estabelecer
relacionamentos.
Heróis
e Valores Partilhados
Ao contrário dos Veteranos, cujos heróis
eram um grupo ou ideal, os heróis desta geração são indivíduos fora do comum
que reflectem o seu sistema de valores, como Martin Luther King, John F.
Kennedy ou Nelson Mandela. São arrastados para causas com significado através
da liderança de indivíduos carismáticos.
Compreender a Geração X
Composta por pessoas
que nasceram entre 1965 e 1980, foram criados na altura em que a maior parte
das instituições da sociedade começava a falhar – a demissão de Nixon, o fim da
guerra do Vietname, o aumento da taxa de divórcios, escândalos ligados ao
crédito e à corrupção, entre muitos outros.
Independentes, cépticos – “Ver para crer!”
Aos olhos da Geração X, muitas instituições
em que os pais confiavam – governo, Igreja, empresas – não estiveram à altura
dessa confiança desmedida. Em resultado disso, esta geração aprendeu a ser
inerentemente batalhadora e céptica, que não se impressiona com o imediatamente
visível, daí a sua visão do mundo assente na apresentação de provas, no “ver
para crer!”
Independentes; os pais como amigos; não se deixam intimidar pela
autoridade
Com a maioria dos seus pais viciados no
trabalho ausentes por longas horas, a Geração X desenvolveu uma enorme
capacidade de auto-suficiência e independência, de se defenderem sozinhos.
Consequentemente, a Geração X é o primeiro grupo a ser criado encarando os pais
como seus “amigos”. Esta auto-suficiência e relacionamento com os seus pais
como se estes fossem seus “iguais” faz com que raramente se deixem intimidar
pelas figuras de autoridade.
Sem Heróis Partilhados; Só pessoas conhecidas
Os heróis desta geração não são os grandes
ícones sobre-humanos que os pais admiravam. Os heróis da Geração X tendem a ser
as pessoas que eles conhecem – pais, avós, treinadores, professores, mentores.
São pessoas que lhes provaram directamente o seu valor, apenas 5% da geração X
tem por heróis pessoas que nunca conheceu.
Valores diferentes dos pais; Carpe
Diem
Apesar de os pais poderem ser os seus
heróis, a Geração X não partilha do sistema de valores que estes têm. Não têm
uma abordagem de “cumprir as regras e receber a recompensa a seu tempo”. São
demasiado cépticos e auto-suficientes para isso. Como não acreditam que podem
confiar no futuro, centram-se mais no curto prazo. Acreditam que mais vale Carpe Diem – aproveitar o momento – e
querem controlar todo o trabalho que desenvolvem, o objectivo desse trabalho e
escolher com quem querem trabalhar. Se não ficarem satisfeitos, vão para outro
lado.
Alta literacia tecnológica; Flexíveis
Enquanto a Geração X crescia, deu-se a
entrada dos computadores pessoais e tecnologias relacionadas nos lares, escolas
e locais de trabalho. Muitos deles são os mais aptos e mais “amigos” da
tecnologia entre nós. Adaptam-se facilmente à mudança devido à sua
flexibilidade e compreendem rapidamente as novas aplicações tecnológicas e suas
aplicações.
Compreender a Geração do Milénio
Nascida entre 1980 e
2000, a Geração do Milénio sempre dispôs de tecnologia nas suas vidas. Os
membros desta Geração começam agora a entrar nas nossas Associações, onde se
deparam com elementos da Geração X e da Geração do Pós-Guerra, mas o seu
sistema de valores é muito diferente.
Domínio tecnológico
Os membros da Geração X apresentavam uma
alta literacia tecnológica, mas os da Geração do Milénio dominam-na completamente.
Para eles, enviar uma mensagem de texto pelo telefone, ou navegar na internet
são tão naturais e intuitivos como comer ou dormir e é difícil encontrar alguém
desta geração que não esteja “agarrado” a qualquer tipo de dispositivo digital,
seja a comunicar ou simplesmente a jogar.
Optimistas; Com altas
expectativas
A Geração do Milénio é bastante optimista e
tem expectativas muito altas. Foram cuidados, amados e protegidos de tudo pelos
pais, muito mais do que qualquer geração anterior. O desenvolvimento da sua
auto-estima sempre foi uma prioridade para todos os que os rodeavam. Os pais
criaram-nos como “amigos” e esforçaram-se imensamente para os convencer de que
conseguirão obter tudo o que desejarem.
Individualistas; Mais um na
Matilha
Estes jovens orgulham-se de ser únicos e
altamente individualistas. Não obstante, têm tendência para ser “mais um na
matilha”, em pequenos grupos com uma mistura ecléctica de culturas, etnias e
interesses. A Geração do Milénio é, em grande medida, composta por cidadãos do
mundo, devido às oportunidades que o esforço dos pais lhes abriu.
Polivalentes; Centrados no
Curto Prazo; Precisam de estímulos frequentes
Tendo crescido com horários cheios de
actividades extra-curriculares, aulas de música, treinos desportivos, etc.,
aprenderam a ser polivalentes e a executar várias tarefas ao mesmo tempo,
adaptando-se rapidamente à mudança, seja ela de ambiente, de contexto, ou mesmo
de espaço. Tendem a centrar-se no curto prazo e necessitam de um alto nível de
motivação e estímulos frequentes para manterem o interesse e concentração nas
actividades que realizam. A velocidade a que vive esta Geração está bem patente
nos vídeos e anúncios televisivos destinados a esta faixa etária.
Avessos à idade adulta
Tal como os elementos da Geração X, a
Geração do Milénio tende a admirar e permanecer muito ligada aos pais e avós.
Na realidade estão a alargar o hiato entre a adolescência e a idade adulta,
mais do que qualquer das gerações anteriores. Cerca de 50% dos elementos da
geração Milénio vivem com os pais até terminarem os estudos, e completam-nos
cada vez mais tarde. Isto não significa que não sejam ambiciosos, mas têm
alguma dificuldade em fazer planos a longo prazo que lhes permitam concretizar
essa ambição. Esta geração tende a viver um dia de cada vez, sem grandes
considerações sobre o que o futuro lhes reserva.
(Continua)
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