lembram de ter
passado a
escoteiros
adultos?
A óbvia a utilidade do Caminheirismo para captação de recursos adultos, é determinante
para a sustentabilidade do Movimento jovem, em geral, e para a sustentabilidade
das suas associações, em particular.
No entanto, essa utilidade não pode ser
confundida com a finalidade do Caminheirismo,
que é muito mais impactante na sociedade que apenas a manutenção do próprio
Movimento.
Conforme cada indivíduo e o programa educativo da respetiva associação,
este desenvolvimento deve operar-se em mais ou menos anos – mas sempre ao
longo de alguns anos. Esse percurso formativo está completo quando o(a) caminheiro(a)
está
pronto(a) para partir do Clã. Esta partida pode assumir diferentes contornos.
Independentemente deles, pretende-se que seja o momento em que o(a) caminheiro(a)
assuma perante os seus pares e perante um(a) educador(a) escotista, um projeto
de vida adulta, em que já começou a caminhar, e após a renovação do seu Compromisso
de Honra, que leva para a vida.
Uma vez assumido este passo gigantesco,
está concretizada a finalidade nuclear do Movimento jovem. De cada vez que tal
é conseguido, o Movimento deixa de ter um educando e a comunidade passa a
contar com um escoteiro adulto.
Se fosse possível multiplicar este feito
por todos os que passam pelo Movimento jovem, o impacto benéfico do Escotismo
na Sociedade seria muito maior do que real-mente é – porque todos se lembrariam
que passaram a ser escoteiros adultos.
Mas a realidade é outra. Como constatam educadores escotistas
de qualquer época, poucos escoteiros chegam a iniciar a fase do Caminheirismo. Ainda mais raramente, os
que passam a caminheiro(a) chega a assumir uma partida do clã como um projeto
de vida já iniciado e conscientes do Compromisso de Honra assumi-do. Em vez
disso, o mais vulgar é desligar-se progressivamente do Movimento sem saber bem
como o fazer, nem para passar a ser o quê... Com este abandono descomprometido
antes da meta, é natural que muitos
adultos se recordem apenas de terem andado
nos Escoteiros, em vez de se recordarem que passaram a ser escoteiros adultos.
Esta diferença constitui um “por-maior” que limita muito a extensão do impacto
do nosso Movimento na sociedade.
Portanto, quando se põe em hipótese não investir no Caminheirismo, há que ponderar o risco
de não completar adequadamente a formação escotista de um jovem adulto.
Em síntese, para que a formação escotista fique para toda a vida,
não basta ter sido escoteiro(a) numa fase da vida muito enquadrada pelos pares
e pelo educador escotista, em que se beneficiava de muito apoio e em que os
desafios eram pouco díspares dos seus recursos pessoais.
Se um(a) escoteiro(a) não desenvolver as competências
indispensáveis para se assumir responsável pelo seu próprio desenvolvimento nem
para escolher um caminho para a vida, poderá sentir-se inapto(a) para
empreender os seus interesses, sentir-se comparativamente inferior aos demais,
desmotivar e abandonar o Movimento sem completar a sua finalidade.
Arrisco-me
mesmo a afirmar que será também por causa de abandonar o Movimento antes da
meta, que mui-tos adultos se recordam apenas de terem andado nos Escoteiros, em
vez de se recordarem que passaram a ser escoteiros adultos responsáveis.
Paulo Henriques dos Marques
Insígnia de Madeira de Clã – Gilwell Park –1989)
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