Prezados
Companheiros
A Fraternal Escotista de Portugal pretende, em primeiro lugar, saudar
todos os presentes e desejar que esta Conferência decorra dentro do melhor
espírito escotista. Que o tempo e o contributo aqui aplicados por todos vós
seja um valioso investimento em favor da valorização e prestígio dos Escoteiros
de Portugal.
Aproveitando a oportunidade que nos foi concedida pela decisão da vossa
Conferência Nacional de 2001, tornada uma tradição dos últimos anos,
gostaríamos de oferecer a nossa contribuição, ainda que de modestos
observadores, para uma reflexão sobre os valores do nosso Movimento e a acção
das nossas associações.
Como associação autónoma, ligada à Fraternidade Internacional dos
Escoteiros e Guias Adultos, da qual foi fundadora em 1953, a Fraternal tem a
mesma Missão e preocupações desta
associação internacional…
Não precisamos de demonstrar o apoio prestado aos jovens
nem os serviços desempenhados em prol da comunidade pela Fraternal, pois são
por demais conhecidos. Vale talvez a pena recordar algo mais sobre o
crescimento pessoal na idade adulta. B-P tinha profunda consciência de que a
formação do individuo nunca está completa: vejamos uma das suas citações mais
interessantes: “Muitos jovens de vinte e dois anos acham que já sabem tudo e
dizem a todos que assim é. Quando chegam aos trinta e dois descobrem que afinal
ainda há algumas coisas a aprender; aos qua-renta e dois aprendem coisas novas
todos os dias. Eu ainda o faço aos setenta e três.
É claro que
Baden-Powell não pensava que o Movimento Escotista se destinava apenas aos
jovens. Relembrando os seus “slogans” mais conhecidos, “Uma vez Escoteiro,
sempre Escoteiro” ou “O Escotismo é para pessoas dos 8 aos 80 anos” e muitos
dos seus escritos, podemos aperceber-nos de que os princípios e valores do
Escotismo, incluindo os famosos pontos do método
Escotista, mantêm a sua validade e significado na vida adulta.
Na realidade, no
início, ele concebeu o seu método ao publicar o livro com o título Aids to Scoutin for N.C.O. and Men, destinado aos
batedores (scouts) militares, ou seja adultos, e só mais tarde
descobriu que este método também podia ser utilizado com os jovens.
E foi o Fundador,
que escreveu em Julho de 1937, trinta anos depois da implementação do
Movimento, diversas páginas sobre o papel dos Escoteiros e Guias adultos, na
sociedade, referindo: “Muitos milhões dos
que foram Escoteiros e Guias na sua juventude formam nos diferentes paí-ses um
fermento de homens e mulheres que ultrapassam as divergências insignificantes e
as ofensas antigas, para contemplar um futuro de felicidade e prosperidade para
to-dos, através da amizade mútua e de sentimentos de fraternidade. Temos aqui
o embrião de um exército ou força de intervenção para a paz, perante o qual os
exércitos da guerra serão forçados a render-se, mais tarde ou mais cedo”
Ao aderir à
Fraternal (ou a outra associação congénere), um adulto que acredita no
Escotismo, não se contenta apenas em viver de acordo com os ideais do
Movimento, pretende também participar na nobre missão de espalhar os ideais
Escotistas em sua volta.
Todos nos recordamos da
parte final da “última mensagem de B-P aos Escoteiros”, em que ele refere aos
jovens: “mantenham-se sempre fiéis ao vosso Compromisso de
Honra, mesmo quando deixarem de ser rapazes, e que Deus vos ajude a consegui-lo”.
A Fraternal é uma associação de adultos,
onde quem a íntegra, põe em prática os ideais do Escotismo, com a finalidade
de prestar serviços à comunidade, como parte do desenvolvimento pessoal de
cada um, como adulto responsável, solidário, empenhado e autónomo. Como membro de uma sociedade, deve contribuir para o desenvolvimento de uma
consciência de solidariedade social e de sentido de pertença à comunidade, à
sua história e à sua evolução.
Através da
Fraternal, o escoteiro adulto leva à
sociedade toda a sua experiência e conhecimentos adquiridos ao longo da sua
vida.
Para isso, a Fraternal tem um programa específico
que passa por um conjunto de Áreas de Trabalho
(coincidentes com as áreas de desenvolvimento, como indivíduo e como membro de
uma sociedade), a saber: desenvolvimento físico, desenvolvimento social, desenvolvimento intelectual e desenvolvimento espiritual.
Como se pode constatar o apoio ao Movimento
juvenil, - não como dirigentes, mas como integrantes de equipas de apoio e
divulgação do Escotismo, é apenas uma parcela do nosso campo de acção.
Mas foquemo-nos
naquilo que respeita ao apoio e divulgação do Escotismo:
Nesse sentido e
reconhecendo a falta gritante de recursos humanos - que não permite ter a
atenção devida para algumas tarefas complementares, que consideramos essenciais
para o conhecimento e a divulgação do Escotismo em geral e da AEP em
particular, propusemo-nos encetar algumas dessas tarefas… (conforme oportunamente
divulgado). Também não deixamos de, sempre que possível, apoiar as actividades
escotistas, desde que nos seja solicitado pelos seus dirigentes, e sempre em
colaboração com estes. Só assim o faremos.
O Serviço à
comunidade onde estamos inseridos, em especial nas áreas onde temos núcleos
implantados, constitui a demonstração resultante da educação escotista, com visibilidade
ainda muito diminuta, infelizmente.
Porém, a afirmação e
empenhamento da Fraternal só pode vir do seu crescimento através da adesão de
novos associados, conscientes da validade do Movimento escotista e essa
adesão, prioritariamente, só poderá conseguir-se pela mobilização de elementos
oriundos da AEP, especialmente aqueles que abandonam aqui a sua actividade,
devido a exigências da sua vida profissional ou familiar e desejam continuar a
cultivar os valores escotistas, ao longo da sua vida e na sociedade.
Nunca o fizemos
antes, porque considerámos que seria necessário demonstrar no concreto a
validade da nossa acção, mas cremos ter chegado a altura para, aqui desta
tribuna, fazermos a todos um apelo directo, para que não deixem, quando
entenderem oportuno, de pertencer á Fraternal, continuando assim a apoiar
directamente o Escotismo e a juventude portuguesa.
Caminhando já para o
final desta intervenção, não pode-mos deixar de referir que para a visibilidade
da razão de ser da educação escotista de milhares de jovens, centro de todo o
vosso trabalho e esforço, é preciso dar continuidade às opções de vida de cada
um, procurando mantê-los ligados ao espírito do Compromisso de Honra uma vez
assumido. Por isso chamamos a vossa especial atenção para a importância decisiva que o Caminheirismo tem no complemento da
educação proporcionada pelo Movimento, assim como a sua importância
determinante na sustentabilidade do próprio Movimento jovem em geral e na
sustentabilidade da AEP em particular, que aconselha um esforço de formação
para se conseguir um Caminheirismo completo, em que a partida do Clã se faça
com os jovens a assumir perante os seus pares o seu projecto de vida adulta,
prosseguindo o
seu crescimento como cidadãos integrados na sociedade, dando testemunho dos
valores escotistas que os formaram para a vida, contribuindo, assim, para a
criação de um mundo melhor.
Teremos, a todo o
custo, de evitar o abandono precoce e descomprometido, que gera adultos que
recordam a sua passagem pelos escoteiros como um mero divertimento, em vez de se assumirem como escoteiros adultos e cidadãos conscientes e
responsáveis dos seus deveres cívicos.
Essa é uma
responsabilidade vossa e nossa e, para tanto, deveremos manter-nos unidos e
colaborantes.
Não queremos terminar
sem saudarmos, o esforço de todos os dirigentes e, em especial, os que se
candidatam aos Órgãos Nacionais, desejando que em cada um de vós desperte a
certeza de que estão trabalhando para uma causa sem paralelo e, sem receios nem
tibiezas, possam, possamos todos, proclamar que o Escotismo é uma escola de
formação de cidadãos úteis e conscientes, ao serviço do próximo e do País,
defensores acérrimos da Natureza e construtores da Paz entre os povos e as
nações.
Com esta postura
deveremos continuar a celebrar, com alegria, o primeiro centenário do Escotismo
e caminhar seguros na construção do segundo.
BOA – CAÇA a todos (Mariano Garcia
- Vice-presidente)
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