quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Conferência Nacional da AEP


Decorreu nos dias 28 e 29 de abril, no Centro de Congressos do Estoril, a 57ª Conferência Nacional dos Escoteiros de Portugal

 

A nossa intervenção:

Senhor Presidente da Mesa da Conferência Nacional

Senhor Escoteiro Chefe Nacional
Companheiros.
A Fraternal Escotista de Portugal saúda todos os presentes, exaltando o vosso esforço e dedicação em prol do Escotismo e ao serviço de uma Associação centenária, empenhada na educação dos jovens do nosso País, procurando transformá-los em cidadãos úteis e responsáveis.
A nossa Fraternal assume-se sucessora, no que nos sentimos honrados, da Fraternal dos Antigos Escoteiros de Portugal, instituição criada em 1950 como departamento da Associação dos Escoteiros de Portugal, onde então e há mais de uma dezena de anos, se debatiam ideias de alargamento do Movimento, numa visão intergeracional que desse suporte ao conceito de formação para a vida, que alguns estudiosos já aplicavam ao Escotismo, como nos documenta o próprio B-P nos seus escritos de 1937, bem como as diversas reuniões nesse sentido realizadas entre os mais destacados dirigentes, que vieram a concretizar-se no estabelecimento de princípios e regras que levaram à criação, em 1953, de uma instituição internacional dedicada à intervenção dos adultos em acções escotistas, em cuja fundação a Fraternal participou.
E não esqueçamos que aquela instituição, a que hoje chamamos International Scout and Guide Fellowship (ISGF), que alberga mais de 60 mil indivíduos, desenvolvendo-se por 106 países, foi preparada inicialmente no âmbito da própria Organização Mundial do Escotismo e com a participação de alguns dos seus principais dirigentes.
Portanto, não foi por acaso, nem apenas pelas dificuldades que então se sentiam para criar qualquer tipo de associação cívica, que a Fraternal dos Antigos Escoteiros nasceu dentro da AEP e ali se manteve durante vários anos. Foram as suas convicções comuns e a necessidade de interajuda para desenvolver e divulgar um Movimento, que se afirma de formação integral no crescimento do indivíduo como cidadão consciente e útil e prestável na sociedade, perseguindo os mesmos ideais de serviço ao próximo e tendo como objectivo principal a formação das crianças e jovens.
Trabalhando juntas, socorreram-se mutuamente em momentos difíceis, criando afinidades e desenhando caminhos paralelos, foi esta a postura, durante muitos anos, de ambas as associações, mesmo depois de, para corresponder à natural evolução do Escotismo e às directrizes internacionais, a Fraternal se ter autonomizado, vindo a adquirir personalidade jurídica no ano de 2000, ou alterando a sua designação em 2012.
São disso testemunho os diversos protocolos que têm vindo a ser estabelecidos, ao longo dos anos.    
Manifestando a nossa satisfação e o venerado respeito que nos merecem os acontecimentos históricos vividos pelas duas associações e as figuras maiores que os caracterizaram ao longo dos anos, não pode a direção da Fraternal deixar de manifestar a esta assembleia a sua estranheza e desgosto perante algumas posições de alheamento, de hostilidade até, que se têm observado em declarações de alguns dirigentes e que estão subjacentes nas propostas de alteração aos Estatutos da AEP apresentadas a esta Conferência Nacional, no que concerne ao relacionamento entre os Escoteiros de Portugal e a Fraternal Escotista de Portugal.
Não interferiremos, como é óbvio, nas decisões desta Conferência, mas, cumprindo aquilo que já é tradição nestas nossas intervenções, vamos deixar aqui o nosso alvitre e, com a segurança que nos transmite a nossa experiência de uma longa vida ao serviço do Escotismo, chamar a atenção dos dirigentes aqui presentes para os inconvenientes do egocentrismo que parece estar a instalar-se no espírito de alguns dirigentes da AEP, transferindo para causas externas os problemas com que esta associação se debate, nomeadamente na área de recursos adultos.
A Fraternal Escotista de Portugal existe, com todas as suas dificuldades, mas afirma-se parceira dos Escoteiros de Portugal no duro trabalho da divulgação e desenvolvimento do Escotismo, em prol de uma melhor educação cívica das nossas crianças e jovens. E dissemos parceira, não concorrente, pois não disputamos qualquer espaço aos Escoteiros de Portugal.

A Fraternal é uma associação de adultos, vocacionada para aqueles que terminaram o percurso educativo proposto pelo escotismo, e não tendo condições ou disponibilidade para poder ser dirigentes, desejam continuar a fazer o caminho de desenvolvimento pessoal, enquanto adultos responsáveis, e o queiram fazer num ambiente impregnado dum conjunto de princípios e valores com os quais se identificam e que estão contidos na Lei e no Compromisso Escotista que prometem cumprir e respeitar.  E este caminho e vivência é valido também para os adultos que não tiveram a oportunidade de ser escoteiros na sua infância.

Continuamos, pois, dispostos, a fornecer uma rede social e de desenvolvimento pessoal e, dentro do possível e sempre que nos for solicitado, a apoiar os Grupos de Escoteiros que são as verdadeiras comunidades educativas onde o escotismo acontece.

Por isso, não pode deixar de nos entristecer e ofender a peregrina ideia de se criar dentro da Associação dos Escoteiros de Portugal um Órgão nacional chamado Fraternal dos Antigos Escoteiros, ideia retrógrada e desenquadrada nas orientações internacionais, parecendo querer-se com ele promover concorrência às associações escotistas de adultos já existentes, entidade que, desde logo, se apresenta desleal porque partilhará dos apoios do Estado exclusivamente dedicados aos jovens, ao mesmo tempo que estranha aos regulamentos da WOSM ou da ISGF.
Mas as decisões serão vossas. Aguardaremos com serenidade e escotistamente confiantes os resultados desta Conferência.
Queremos desejar-lhes, muito sinceramente, uma excelente jornada escotista.
Boa caça.
A Direção da Fraternal

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