quarta-feira, 11 de setembro de 2019

NOTA DE ABERTURA


de “O Companheiro” n.º 69 - Julho/Agosto de 2018


… E DEPOIS DO JOGO ?
Já aqui o temos afirmado. Bem ao contrário do que muitos supõem, a questão do “escotismo para adultos” não é um tema novo. Ele foi alvo das preocupações dos principais dirigentes do Movimento já na década de 30 do século passado. O próprio Baden-Powell admitiu a possibilidade de mobilização dos já adultos que haviam pertencido ao Escotismo, perante a eminência de mais uma devastadora guerra mundial, fazendo, então, um apelo ao que considerou poder ser uma força de consciencialização e de combate às ideias monstruosas que alastravam, ameaçando a estabilidade e a paz. Baden-Powell e o Escotismo sofreram rude golpe perante a realidade que se seguiu, mas logo após o Jamboree de Moisson (1947), muitos dos responsáveis do Escotismo entenderam (entendem) que a formação moral e cívica proporcionada às crianças e jovens, através do Método concebido por B-P, tem em vista a formação do carácter do adulto responsável pelos seus actos, que deve assumir a sua missão ao integrar-se na sociedade e, como cidadão útil e consciente, procurar ser agente de mudança, em favor da paz e do entendimento entre as nações e os povos, ajudando à construção de um mundo melhor, mais justo, mais solidário.
É esta base que sustenta a organização das associações para adultos existentes em todo mundo, concentradas na ISGF (International Scout and Guide Fellowship), que se debatem perante o deficiente entendimento de alguns dirigentes escotistas, para quem o ESCOTISMO não é mais do que um alegre divertimento para
crianças, com regras que os transformam em “bons meninos”, mas terminado o JOGO tudo fica por aí, e o adulto que virá de cada uma dessas crianças, será um cidadão livre para se lançar na feroz competição de uma sociedade carente de valores sociais e humanos.
Portanto, é indispensável que o dirigente escotista ao serviço da formação dos jovens, entenda que o JOGO inventado por B-P, para melhor entendimento e aceitação do seu Método por parte dos jovens e crianças, é apenas um meio e não um fim em si mesmo, que termina quando a idade chega e as opções de vida nos levam a escolher os caminhos que nesta se nos deparam.
É aí que todo o Método faz sentido e os valores ensinados pelo Escotismo se revelam e aplicam e o Escoteiro, já adulto, se transforma em cidadão consciente dos seus deveres morais e sociais e, com a sua contribuição voluntária, procura transformar o mundo em algo melhor, servindo Deus, a Pátria e o Próximo.
. Mariano Garcia

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