de
“O Companheiro” n.º 69 - Julho/Agosto de 2018
… E DEPOIS DO JOGO ?
Já aqui o temos afirmado. Bem ao contrário do que muitos supõem, a
questão do “escotismo para adultos” não é um tema novo. Ele foi alvo das
preocupações dos principais dirigentes do Movimento já na década de 30 do século
passado. O próprio Baden-Powell admitiu a possibilidade de mobilização dos já
adultos que haviam pertencido ao Escotismo, perante a eminência de mais uma
devastadora guerra mundial, fazendo, então, um apelo ao que considerou poder
ser uma força de consciencialização e de combate às ideias monstruosas que alastravam,
ameaçando a estabilidade e a paz. Baden-Powell e o Escotismo sofreram rude
golpe perante a realidade que se seguiu, mas logo após o Jamboree de Moisson (1947),
muitos dos responsáveis do Escotismo entenderam (entendem) que a formação moral
e cívica proporcionada às crianças e jovens, através do Método concebido por
B-P, tem em vista a formação do carácter do adulto responsável pelos seus actos,
que deve assumir a sua missão ao integrar-se na sociedade e, como cidadão útil
e consciente, procurar ser agente de mudança, em favor da paz e do entendimento
entre as nações e os povos, ajudando à construção de um mundo melhor, mais
justo, mais solidário.
É esta base que sustenta a organização das associações para
adultos existentes em todo mundo, concentradas na ISGF (International Scout and
Guide Fellowship), que se debatem perante o deficiente entendimento de alguns dirigentes escotistas,
para quem o ESCOTISMO não é mais do que um alegre divertimento para
crianças, com regras que os transformam em “bons meninos”, mas
terminado o JOGO tudo fica por aí, e o adulto que virá de cada uma dessas
crianças, será um cidadão livre para se lançar na feroz competição de uma
sociedade carente de valores sociais e humanos.
Portanto, é indispensável que o dirigente escotista ao serviço da
formação dos jovens, entenda que o JOGO inventado por B-P, para melhor
entendimento e aceitação do seu Método por parte dos jovens e crianças, é apenas
um meio e não um fim em si mesmo, que termina quando a idade chega e as opções
de vida nos levam a escolher os caminhos que nesta se nos deparam.
É aí que todo o Método faz sentido e os valores ensinados pelo
Escotismo se revelam e aplicam e o Escoteiro, já adulto, se transforma em
cidadão consciente dos seus deveres morais e sociais e, com a sua contribuição voluntária,
procura transformar o mundo em algo melhor, servindo Deus, a Pátria e o
Próximo.
. Mariano Garcia
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