sexta-feira, 19 de agosto de 2016

MENSAGEM da FRATERNAL à 55.ª CONFERÊNCIA NACIONAL da AEP

Prezados Companheiros
A Fraternal Escotista de Portugal pretende, em primeiro lugar, saudar todos os presentes e desejar que esta Conferência decorra dentro do melhor espírito escotista. Que o tempo e o contributo aqui aplicados por todos vós seja um valioso investimento em favor da valorização e prestígio dos Escoteiros de Portugal.
Aproveitando a oportunidade que nos foi concedida pela decisão da vossa Conferência Nacional de 2001, tornada uma tradição dos últimos anos, gostaríamos de oferecer a nossa contribuição, ainda que de modestos observadores, para uma reflexão sobre os valores do nosso Movimento e a acção das nossas associações.
Como associação autónoma, ligada à Fraternidade Internacional dos Escoteiros e Guias Adultos, da qual foi fundadora em 1953, a Fraternal tem a mesma Missão e preocupações desta associação internacional…
Não precisamos de demonstrar o apoio prestado aos jovens nem os serviços desempenhados em prol da comunidade pela Fraternal, pois são por demais conhecidos. Vale talvez a pena recordar algo mais sobre o crescimento pessoal na idade adulta. B-P tinha profunda consciência de que a formação do individuo nunca está completa: vejamos uma das suas citações mais interessantes: “Muitos jovens de vinte e dois anos acham que já sabem tudo e dizem a todos que assim é. Quando chegam aos trinta e dois descobrem que afinal ainda há algumas coisas a aprender; aos qua-renta e dois aprendem coisas novas todos os dias. Eu ainda o faço aos setenta e três.
É claro que Baden-Powell não pensava que o Movimento Escotista se destinava apenas aos jovens. Relembrando os seus “slogans” mais conhecidos, “Uma vez Escoteiro, sempre Escoteiro” ou “O Escotismo é para pessoas dos 8 aos 80 anos” e muitos dos seus escritos, podemos aperceber-nos de que os princípios e valores do Escotismo, incluindo os famosos pontos do método Escotista, mantêm a sua validade e significado na vida adulta.
Na realidade, no início, ele concebeu o seu método ao publicar o livro com o título Aids to Scoutin  for N.C.O. and Men, destinado aos batedores (scouts) militares, ou seja adultos, e só mais tarde descobriu que este método também podia ser utilizado com os jovens.
E foi o Fundador, que escreveu em Julho de 1937, trinta anos depois da implementação do Movimento, diversas páginas sobre o papel dos Escoteiros e Guias adultos, na sociedade, referindo: “Muitos milhões dos que foram Escoteiros e Guias na sua juventude formam nos diferentes paí-ses um fermento de homens e mulheres que ultrapassam as divergências insignificantes e as ofensas antigas, para contemplar um futuro de felicidade e prosperidade para to-dos, através da amizade mútua e de sentimentos de fraternidade. Temos aqui o embrião de um exército ou força de intervenção para a paz, perante o qual os exércitos da guerra serão forçados a render-se, mais tarde ou mais cedo”
Ao aderir à Fraternal (ou a outra associação congénere), um adulto que acredita no Escotismo, não se contenta apenas em viver de acordo com os ideais do Movimento, pretende também participar na nobre missão de espalhar os ideais Escotistas em sua volta.
Todos nos recordamos da parte final da “última mensagem de B-P aos Escoteiros”, em que ele refere aos jovens: “mantenham-se sempre fiéis ao vosso Compromisso de Honra, mesmo quando deixarem de ser rapazes, e que Deus vos ajude a consegui-lo”.                

A Fraternal é uma associação de adultos, onde quem a íntegra, põe em prática os ideais do Escotismo, com a finalidade de prestar serviços à comunidade, como parte do desenvolvimento pessoal de cada um, como adulto responsável, solidário, empenhado e autónomo. Como membro de uma sociedade, deve contribuir para o desenvolvimento de uma consciência de solidariedade social e de sentido de pertença à comunidade, à sua história e à sua evolução.
Através da Fraternal, o escoteiro adulto leva à sociedade toda a sua experiência e conhecimentos adquiridos ao longo da sua vida.
Para isso, a Fraternal tem um programa específico que passa por um conjunto de Áreas de Trabalho (coincidentes com as áreas de desenvolvimento, como indivíduo e como membro de uma sociedade), a saber: desenvolvimento físico, desenvolvimento social, desenvolvimento intelectual e desenvolvimento espiritual.
Como se pode constatar o apoio ao Movimento juvenil, - não como dirigentes, mas como integrantes de equipas de apoio e divulgação do Escotismo, é apenas uma parcela do nosso campo de acção.
Mas foquemo-nos naquilo que respeita ao apoio e divulgação do Escotismo:
Nesse sentido e reconhecendo a falta gritante de recursos humanos - que não permite ter a atenção devida para algumas tarefas complementares, que consideramos essenciais para o conhecimento e a divulgação do Escotismo em geral e da AEP em particular, propusemo-nos encetar algumas dessas tarefas… (conforme oportunamente divulgado). Também não deixamos de, sempre que possível, apoiar as actividades escotistas, desde que nos seja solicitado pelos seus dirigentes, e sempre em colaboração com estes. Só assim o faremos.
O Serviço à comunidade onde estamos inseridos, em especial nas áreas onde temos núcleos implantados, constitui a demonstração resultante da educação escotista, com visibilidade ainda muito diminuta, infelizmente.
Porém, a afirmação e empenhamento da Fraternal só pode vir do seu crescimento através da adesão de novos associados, conscientes da validade do Movimento escotista e essa adesão, prioritariamente, só poderá conseguir-se pela mobilização de elementos oriundos da AEP, especialmente aqueles que abandonam aqui a sua actividade, devido a exigências da sua vida profissional ou familiar e desejam continuar a cultivar os valores escotistas, ao longo da sua vida e na sociedade.
Nunca o fizemos antes, porque considerámos que seria necessário demonstrar no concreto a validade da nossa acção, mas cremos ter chegado a altura para, aqui desta tribuna, fazermos a todos um apelo directo, para que não deixem, quando entenderem oportuno, de pertencer á Fraternal, continuando assim a apoiar directamente o Escotismo e a juventude portuguesa.
Caminhando já para o final desta intervenção, não pode-mos deixar de referir que para a visibilidade da razão de ser da educação escotista de milhares de jovens, centro de todo o vosso trabalho e esforço, é preciso dar continuidade às opções de vida de cada um, procurando mantê-los ligados ao espírito do Compromisso de Honra uma vez assumido. Por isso chamamos a vossa especial atenção para a importância decisiva que o Caminheirismo tem no complemento da educação proporcionada pelo Movimento, assim como a sua importância determinante na sustentabilidade do próprio Movimento jovem em geral e na sustentabilidade da AEP em particular, que aconselha um esforço de formação para se conseguir um Caminheirismo completo, em que a partida do Clã se faça com os jovens a assumir perante os seus pares o seu projecto de vida adulta, prosseguindo o seu crescimento como cidadãos integrados na sociedade, dando testemunho dos valores escotistas que os formaram para a vida, contribuindo, assim, para a criação de um mundo melhor.
Teremos, a todo o custo, de evitar o abandono precoce e descomprometido, que gera adultos que recordam a sua passagem pelos escoteiros como um mero divertimento, em vez de se assumirem como escoteiros adultos e cidadãos conscientes e responsáveis dos seus deveres cívicos.
Essa é uma responsabilidade vossa e nossa e, para tanto, deveremos manter-nos unidos e colaborantes.
Não queremos terminar sem saudarmos, o esforço de todos os dirigentes e, em especial, os que se candidatam aos Órgãos Nacionais, desejando que em cada um de vós desperte a certeza de que estão trabalhando para uma causa sem paralelo e, sem receios nem tibiezas, possam, possamos todos, proclamar que o Escotismo é uma escola de formação de cidadãos úteis e conscientes, ao serviço do próximo e do País, defensores acérrimos da Natureza e construtores da Paz entre os povos e as nações.
Com esta postura deveremos continuar a celebrar, com alegria, o primeiro centenário do Escotismo e caminhar seguros na construção do segundo.

BOA – CAÇA a todos (Mariano Garcia - Vice-presidente)

Sem comentários: